Monday 21 July 2008

A velha e doce boa vida...

"O meu real desejo seria o de viver sem obrigações: poder caminhar, respirar sem pressa, nadar, respirar ar puro, plantar, sonhar, cozinhar, jogar, costurar, dançar, ouvir música, cantar, respirar o vapor da terra molhada, conversar, enfeitar a árvore de natal a cada dezembro, ler revistas de história, de quadrinhos, de moda, de filosofia, mas não de política! Desenhar e pintar uma paisagem, uma pessoa, conhecida ou não; fazer compras, passear, correr, brincar com os cachorros, programar festas, combinar eventos, viajar! Tocar algum ou mais de um instrumentos, respirar a música tocada por mim! Ou por outro! Ou por alguém que eu ame! Ou seja, respirar felicidades e prazeres, ou seja, viver."




É exatamente essa imagem que eu faço do livro que eu, finalmente, acabei de ler: Emma!

Emma é a protagonista da história, uma das duas filhas do muito considerado e respeitado em Highbury, Mr. Woodhouse, por quem Emma Woodhouse possui um enorme carinho, constante atenção e uma preocupação exarcebada a respeito da saúde e bem-estar do pai, que, diga-se de passagem, é um pouco hipocondríaco, pondo em termos atuais. A história, como todas as outras histórias da nossa querida, adorada e eterna escritora Jane Austen (meu frisson atual e, possivelmente, guru de uma nova era para muitas mulheres e adolescentes), se passa no início do século XIX, o século das luzes, onde tudo que é belo e atraente assume uma áurea mais eterna - tanto que tal século está na moda até hoje.


Emma Woodhouse passava seus dias lentos e tranquilos pintando, desenhando, bordando, treinando arco-e-flecha, tomando chá, tocando pianoforte, cantando, conversando, paquerando o Frank, fofocando com sua ex-tutora e ex-Miss Taylor, discutindo com Mr. Knightley, fugindo de Miss Bates, caminhando, colhendo maçãs e morangos, cuidando de seu pai, escrevendo em seu diário, enfim... tudo o que eu pretendo fazer quando passar no vestibular.


Cenas de "Emma" (1996)


O enredo gira em torno das tentativas de Emma de arranjar casamento (assunto muito importante na época) para sua nova amiga, Harriet, e dos erros, acertos e descobertas que têm durante tal esforço. Enquanto, em sua pequena cidade, inconscientemente procura a chave para a felicidade de seus amigos e conhecidos, vai descobrindo os seus próprios defeitos e desejos, e nós, os leitores, os verdadeiros enlaces e detalhes da vida e das relações sociais.



Se eu comentar mais sobre o livro, o meu blog vai virar um verdadeiro ninho de spoilers, e eu a maior estraga-prazeres! E, embora tenha lido apenas "Emma", indico a todos ler Jane Austen! Ou então, assistir aos filmes baseados em suas obras, como a minisérie da BBC de 1995, Pride and Prejudice (Orgulho e Preconceito),ou o filme, também de 1995, Razão e Sensibilidade (que vende em qualquer Lojas Americanas e Saraiva) ou o interessante Palácio das Ilusões (Mansfield Park - 1999). Com certeza, serão para qualquer um exemplos de salpicos de felicidade em um dia.

Infelizmente ela, Jane Austen, seus livros, suas histórias, seus personagens não são nem um pouco populares no Brasil. Deviam ser! Um pouco de final feliz sem tragédia, sem terror, sem paixões extensas e malogradas, apenas docemente elaboradas, com um pouco de flertes e olhares, implicâncias, fofocas perdoáveis, primeiras impressões, esforços sem desistências, paciência e inteligência em vestidos de seda e jardins... bem, um pouco (ou muito!) de Jane Austen não faz mal a ninguém...!

1 comment:

Anonymous said...

Terminou de ler Emma hein.
Parabéns!
E que venha o próximo livro da Jane Austen
=]]